13/2015: Quem é você, Alasca? - John Green

"Ela tinha namorado. Eu era um palerma. Ela era apaixonante. Eu era irremediavelmente sem graça. Ela era infinitamente fascinante. Então eu voltei para o meu quarto e desabei no beliche de baixo, pensando que, se as pessoas fossem chuva, eu seria garoa e ela, um furacão."  

John Green está se tornando um dos meus autores preferidos. Não que ele seja primoroso com a escrita, mas porque ele me arrebata em alguns momentos brilhantes: Miles sendo garoa e Alasca furacão é a definição perfeita de Quem é você, Alasca?

Mas afinal, do que fala o livro?

O livro conta a história de Miles Halter, um garoto tímido e anti-social viciado em biografias e que coleciona últimas palavras. Depois de ler as últimas palavras do poeta François Rabelais "Saio em busca de um Grande Talvez", Miles decide sair da Flórida e ir para uma escola interna no Alabama, onde seu pai tinha feito o ensino médio, em busca do seu Grande Talvez.

Ao chegar em Culver Creek, Miles conhece Chip Martin, o Coronel, e Alasca Young. A partir do momento em que é apresentada, Alasca rouba toda a cena do livro. Tudo vai girar em torno dela a partir dai.

"Não sabia se podia confiar nela e já estava cansado de sua imprevisibilidade – fria num dia, meiga no outro; irresistivelmente sedutora num momento e insuportavelmente chata no outro."

A brincadeira do livro é que apesar das crises de Miles, Alasca tinha suas próprias buscas, seus próprios livros. O seu favorito era O general em seu labirinto, de Gabriel García Márquez, e sua pergunta era a de Simón Bolívar: "Como sairei desse labirinto?"

Esse é o meu segundo livro de Green, antes li A Culpa é das Estrelas, e acho muito difícil ele ter um personagem melhor que Alasca. Ela é linda, problemática, inteligente, relapsa, provocadora, impaciente... inconsequente. Única. Você pode amar ou odiar Alasca, mas nunca vai ser indiferente a ela, te garanto!

Juntos, Miles, Coronel, Takumi e Alasca, vivem intensamente seus dias no ensino médio. Sempre bebendo, fumando e armando trotes para conseguirem o seu lugar na história de Culver Creek.

O Velho é sem dúvidas o meu personagem favorito entre os secundários: ele é o professor de religião e adoro o protagonismo que ele tem em certos momentos do livro.

Coisa legais sobre o livro:

• Ele se divide entre antes e depois do principal acontecimento da trama. O livro começa com uma contagem regressiva de deixar qualquer curioso meio impaciente. Risos.

• O livro é um pouco auto-biográfico. John Green é meio Miles e ele conta isso no final do livro. Mas por favor, não leia antes! Contém altos spoilers que pode acabar com sua leitura :) 

• Tem uma explicação bem legal no final sobre "últimas palavras" e sobre o que é ficção e o que é realmente verdade dentro do romance. E isso é muito legal! ❤

Uma última coisa e que merece um destaque porque é um dos motivos que me faz pensar com carinho no autor: John Green adora colocar metáforas sobre Física nos livros. Isso é meio louco para mim, pensar em explicar um sentimento usando física [ sou de humanas, me amem! ] mas ele faz e muito bem!

Faz de um jeito incrível usando uma analogia do som não se propagar no vácuo x as palavras que são ditas para ninguém em A Culpa é das Estrelas; faz de novo em Quem é você, Alasca? quando fala sobre o fato da energia não se criar e nem se destruir, mas se transformar.

Quem é você, Alasca? é sobre se realmente deixamos de existir no fim de tudo ou só mudamos de manifestação, afinal, nós somos energia. É um livro que vai continuar com você durante muito tempo depois que você terminar a última página, afinal, tudo mundo está em busca do seu caminho para sair do labirinto de Bolívar.

Fonte: Fanpage da editora Intrínseca [aqui]

No fim só tenho uma dúvida sobre o livro: se esse for o melhor livro do autor, eu devia ter lido depois de terminar todos os outros! Risos :)

Espero que vocês gostem e se ainda não conhecem Alasca, acho que deviam se apressar!